Mísseis que atravessam o mundo: o homem já criou armas capazes de cruzar quase todo o planeta
Potências nucleares possuem mísseis intercontinentais com alcances que rivalizam com as dimensões do próprio planeta Terra, superando inclusive o diâmetro terrestre e criando capacidade de destruição global sem precedentes.
OMGNews24
11/10/2025
O avanço tecnológico que um dia foi símbolo de conquista científica agora revela uma face perturbadora. De acordo com dados militares e análises independentes, as potências nucleares do mundo — Rússia, Estados Unidos, China e Reino Unido — possuem hoje mísseis intercontinentais (ICBMs) com alcances que rivalizam com as dimensões do próprio planeta Terra, levantando questões profundas sobre os limites da tecnologia militar humana.
Satan II: quando a tecnologia ultrapassa a fronteira da razão
O míssil russo RS-28 Sarmat, também conhecido como "Satan II", é considerado o mais poderoso já construído. Com alcance estimado de 18.000 quilômetros, ele seria capaz de atingir qualquer ponto do globo a partir do território russo, superando inclusive o diâmetro da Terra, que é de 12.756 quilômetros na linha do Equador.
Esta capacidade representa um salto tecnológico sem precedentes na história militar humana, demonstrando como a engenharia de armamentos evoluiu para dimensões planetárias. O Sarmat pode transportar até 15 ogivas nucleares independentes, cada uma capaz de atingir alvos diferentes simultaneamente.
Arsenal global: competição entre superpotências
Na China, o DF-41 alcança entre 12.000 e 15.000 quilômetros, enquanto os Estados Unidos mantêm o Minuteman III, com capacidade superior a 12.000 quilômetros. O Reino Unido, embora não possua mísseis terrestres próprios, integra a elite nuclear com o Trident II, lançado a partir de submarinos, e com alcance comparável ao dos americanos.
Cada uma dessas armas representa décadas de pesquisa e desenvolvimento, envolvendo os mais avançados conhecimentos em aerodinâmica, propulsão, navegação e tecnologia nuclear, demonstrando como a ciência pode ser direcionada tanto para progresso quanto para destruição.
Comparação impressionante: um planeta sob alcance total
Para efeito de comparação, a circunferência da Terra é de cerca de 40.075 quilômetros. Isso significa que alguns desses artefatos podem percorrer quase metade do planeta em uma única trajetória balística. Um gráfico comparativo revela a dimensão da ameaça: enquanto o diâmetro da Terra é de 12.756 km, o míssil russo Sarmat ultrapassa 18.000 km.
A Estação Espacial Internacional (ISS), por sua vez, orbita a apenas 400 km de altitude, a uma velocidade de 28.000 km/h, dando 16 voltas diárias em torno do planeta — menos distância que a de um míssil intercontinental moderno, ilustrando como a tecnologia destrutiva superou a exploração pacífica do espaço.
O paradoxo da humanidade: ciência para curar e destruir
Enquanto laboratórios e universidades lutam para usar a ciência em benefício da vida — no desenvolvimento de vacinas, diagnósticos e energia limpa —, o setor militar mostra o oposto da mesma moeda: a ciência da destruição. O engenheiro moçambicano e analista de defesa Nelo Milange observa este paradoxo contemporâneo.
"A capacidade humana de criar tecnologias que ultrapassam os limites naturais da Terra é, ao mesmo tempo, um sinal de genialidade e de perigo. A mesma energia que permite enviar sondas a Marte também é capaz de aniquilar cidades inteiras em minutos", analisa Milange, destacando a dualidade da inovação tecnológica moderna.
Da dissuasão à ameaça global permanente
Esses mísseis, projetados para transportar ogivas nucleares múltiplas, têm função declarada de dissuasão, ou seja, impedir conflitos pelo medo da destruição mútua. Contudo, especialistas alertam que o aumento da tensão entre potências militares reacende o espectro de uma nova corrida armamentista, semelhante à da Guerra Fria.
O professor russo Alexei Arbatov, do Instituto de Economia Mundial e Relações Internacionais de Moscou, lembra que "quanto maior o alcance e a precisão, maior o risco de erro ou uso acidental, e menor o tempo para reagir — o que pode significar o fim em questão de minutos".
Tempo de voo: minutos para atravessar continentes
A velocidade destes mísseis é igualmente impressionante. Um ICBM moderno pode atingir velocidades de até 24.000 km/h durante o voo, significando que um míssil lançado da Rússia poderia atingir os Estados Unidos em aproximadamente 30 minutos, deixando tempo mínimo para detecção, análise e resposta.
Esta realidade temporal transforma a geopolítica global, onde decisões sobre guerra e paz devem ser tomadas em janelas de tempo cada vez menores, aumentando exponencialmente os riscos de conflitos acidentais ou mal calculados.
Tecnologia de precisão e destruição múltipla
Os mísseis modernos não apenas atravessam grandes distâncias, mas também possuem precisão cirúrgica. Sistemas de navegação por GPS e inercial permitem erro de apenas algumas centenas de metros após percorrer milhares de quilômetros. Além disso, tecnologias MIRV (Multiple Independently targetable Reentry Vehicle) permitem que um único míssil ataque múltiplos alvos simultaneamente.
Esta capacidade multiplica exponencialmente o poder destrutivo, transformando cada míssil numa ameaça para múltiplas cidades ou instalações estratégicas, redefinindo completamente os conceitos tradicionais de defesa territorial e soberania nacional.
Dados essenciais: comparação de alcances e dimensões
| Elemento | Distância / Alcance | Fonte |
|---|---|---|
| Diâmetro da Terra (Equador) | 12.756 km | NASA / USGS |
| Circunferência da Terra | 40.075 km | NASA |
| RS-28 Sarmat (Rússia) | 18.000 km | Roscosmos / Ministério da Defesa da Rússia |
| DF-41 (China) | 12.000–15.000 km | Exército de Libertação Popular |
| Minuteman III (EUA) | 12.000+ km | Força Aérea dos EUA |
| Trident II (Reino Unido) | ~12.000 km | Royal Navy |
| Órbita da ISS | 400 km | NASA |
Um apelo à consciência planetária
O paradoxo é evidente: o ser humano vive sob um céu que abriga uma estação espacial pacífica a 400 quilômetros de altura — e, ao mesmo tempo, sob a sombra de mísseis capazes de atravessar 18.000 quilômetros em direção à destruição. Num mundo em que a ciência pode tanto salvar quanto destruir, resta a pergunta: até onde queremos ir?
A reflexão sobre esta capacidade destrutiva global torna-se mais urgente numa era de crescentes tensões internacionais, mudanças climáticas e desafios que exigem cooperação internacional, não competição militar que pode resultar no fim da civilização como conhecemos.
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